sábado, 3 de abril de 2010

Amor, Sexo e o Cérebro Masculino


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Eles que tomem atenção, porque Louann Brizendine, médica psiquiatra do núcleo de Psiquiatria e Neurologia da Universidade da Califórnia, fez uma viagem com paragem em todas as estações. Desejo carnal. Territorialidade. Testosterona. Reacções emocionais. Andropausa. Depressão pós-divórcio. Louann Brizendine sabe do que fala, pois acabou de lançar o seu novo livro, "O Cérebro Masculino", sucessor de "O Cérebro Feminino", também da sua autoria.

Louann concluiu que o cérebro, deles e delas, é parecido. Mas tem muitas diferenças. Vamos então descobrir qual o sexo que fica a ganhar no verdadeiro campeonato da massa cinzenta.

Os homens começam por se destacar pelo apetite sexual. Têm uma tendência inata para a "predação sexual". Numericamente falando, fique a saber que a zona do cérebro masculino que desperta o interesse pelo outro sexo é quase três vezes superior à do cérebro feminino.

Eles são, como bons predadores, muito territoriais. Louann Brizendine concluiu que o núcleo dorsal premamilar está também melhor desenvolvido no cérebro masculino, o que é como dizer que os homens têm mais circuitos de alerta para ameaças de outros homens. Parecem ser também mais atentos do que elas. A provar pelo tamanho da amígdala cerebelar, maior do que a feminina. Isto significa uma superior capacidade de pressentir o perigo.

Ganham na atenção, ficam para trás no percepção. Porquê? Porque, segundo Louann, "o sistema de neurónios espelho é maior e mais activo nas mulheres", o que lhes permite "'sentir' as outras pessoas, através da observação de expressões faciais, da interpretação de tons de voz e de outras manifestações não-verbais". 

Para se perceber grande parte das reacções masculinas, há que apontar o dedo à testosterona, analisada e explicada pelas páginas d'"O Cérebro Masculino". Pelos vistos, "se a testosterona fosse cerveja, uma criança de nove anos bebia uma por dia. E um adolescente de quinze já ficava muito mal tratado: quase oito litros!". Conclui a investigadora que "um adolescente produz vinte a vinte e cinco vezes mais testosterona do que um pré-adolescente", acrescentando que "isto faz com que seja impossível ele parar de pensar no corpo feminino, no peito, no rabo, em sexo!".

Sexo e/ou estabilidade?


A partir da questão hormonal, a investigadora chega ao ponto de chamar "transe masculino" à fixação masculina pelo sexo oposto. E justifica: "gostava de poder dizer que os homens conseguem deixar de sair deste transe mas, cientificamente falando, não podem! Eles têm circuitos visuais imparáveis, estão programados para procurar constantemente uma parceira fértil", adianta.

Este tipo de 'mentalidade', "perfeitamente natural", na opinião de Brizendine, leva a que (o cérebro de) eles e elas encare com perspectivas diferentes uma relação entre ambos: "O cérebro feminino é programado para encontrar, antes do sexo, estabilidade e confiança num potencial parceiro. O mesmo não acontece no do homem, bombardeado por estímulos que lhe impelem a acasalar e a acasalar, literalmente"

A pesquisadora remata o capítulo hormonal descansando a comunidade feminina, assegurando que "mais tarde, claro que o homem vai encontrar uma parceira com quem tenha uma relação para o resto da vida".

Quando uma criança satisfaz muito bem


Um homem em plena procura de uma parceira nada tem a ver com um pai exemplar, dedicado e preocupado. Porém, segundo a investigadora, "é isso que o futuro lhe reserva", porque "quando a sua companheira estiver grávida emite ferormonas que lhe baixam os níveis de testosterona em trinta por cento e estimulam a produção de prolactina".

O que implicam estas alterações hormonais? Para Louann, "uma maior vontade em ajudar com o bebé, além do desenvolvimento dos circuitos de percepção, ou seja, ouvem melhor uma criança a chorar, que é algo que eles não dominavam antes de as suas mulheres engravidarem", prossegue, antes de prevenir as mulheres para deixarem os maridos pegarem nos filhos: "Quanto mais colo um bebé recebe do pai, mais formatado fica o seu cérebro para a paternidade".

Quando as aparências iludem


Apesar dos homens terem a reputação de ser mais frios do que as mulheres, acabam por ter reacções emocionais mais intensas do que elas. Estudos feitos a expressões masculinas mostram que "ele reage emocionalmente, no momento, de forma mais intensa que a mulher, mas, passados dois segundos e meio, muda de cara e esconde a emoção, ou inverte-a", diz Louann, para rematar que "a repetição desta prática leva a que muitos homens tenham aquela cara de poker".

Louann Brizendine não está a brincar quando diz que esta cara de poker "leva o homem várias vezes a dormir no sofá". Basta que "Imaginemos que a mulher está a chorar por causa de problemas na relação". Como deveria ele reagir? "Abraçando-a". Como se porta o cérebro dele enquanto ela discute? "Procura freneticamente soluções, está sempre em análise, quer resolver o problema o mais rápido possível".

Segundo a investigadora, "os homens usam a estrutura analítica do cérebro para resolver um problema, enquanto elas usam a emocional".

"Quando a mulher lhe conta que tem um problema e ele quer resolvê-lo em vez de a ouvir, ela pode ficar com a impressão que ele é um insensível. Mas não é isso que se passa dentro da sua cabeça!", afiança Louann.

"O seu cérebro está a pensar em resolver a situação para aliviar a dor dela o mais rápido possível. Não porque se quer chatear ou não queira ouvir mas porque a ama verdadeiramente", acredita a investigadora.   

Quando a chama se apaga: a andropausa


Com o passar dos anos, nenhum homem escapa ao envelhecimento. Cérebro e e corpo começam a 'queixar-se' e... ei-lo chegado à andropausa. A rainha das hormonas masculinas entra em descompensação e entra em cena a hormona feminina que tantas alegrias lhe proporcionou na adolescência e na idade adulta: os estrogéneos.

Louann Brizendine exemplifica: "Quando o Avô é o herói dos netos ou o rezingão que estes odeiam visitar, deve-se a esta relação hormonal. Se os níveis de testosterona descerem anormalmente, o homem fica mais cansado, irritadiço, deprimido".

Alguns homens nesta condição "procuram terapias de substituição hormonal, outros preferem o exercício, ter sexo com mais frequência ou manter uma vida social activa". Assim se porta o avô rezingão. E o 'querido'? "Desenvolve mais oxitocina, uma hormona produzida no hipotálamo, também conhecida por 'hormona dos abraços'".

É um avôzinho que "adora brincar, ouvir as histórias dos netos e é muito mais paciente com eles do que alguma vez foi com os filhos. Aliás, nesta fase, os circuitos amorosos do cérebro masculino são mais estimulados pelos netos do que alguma vez foram pelos filhos".

Cérebros divorciados


"Sessenta por cento dos divórcios que acontecem em casais acima dos cinquenta anos são pedidos pelas mulheres", o que deixa alguns homens, segundo Louann, "devastados e assustados". "Assim que a mulher desaparece, a não ser que o homem se esforce para estar com outras pessoas, o seu cérebro deixa de fazer exercício social, tão importante para fazê-lo sentir-se bem consigo próprio".

"Se ele se tornar um solitário, os seus circuitos de aprovação social não são activados", explica, antes de demonstrar que "em electroencefalogramas de idosos socialmente activos verifica-se que as zonas de prazer e de autoconfiança estão bem mais desenvolvidas do que as dos idosos que não cultivam uma vida social".

A investigadora norte-americana conclui que "o cérebro humano é a melhor máquina de aprendizagem que existe e todos nós somos capazes de fazer grandes mudanças nas nossas vidas. Mas há coisas nos cérebros masculino e feminino que não vão mudar tão cedo.", garante, para depois deixar um conselho a todas as suas colegas, afinal mulheres de todo o Mundo: "Façam as pazes com o cérebro masculino. Deixem os homens... ser homens".